20/12/2011 22:28

ALZHEIMER

 

  SAÚDE - ALZHEIMER

 

Fala-se muito sobre o drama enfrentado por pacientes com doenças típicas da velhice. A mais emblemática e terrível, o ALZHEIMER, destrói a capacidade de pensar, de se comunicar e de compreender a realidade.

O doente se torna dependente, distante do mundo e de si mesmo.

Não bastasse, há outro lado cruel da doença ainda pouco discutido. O vivido pelo parente – em geral, filha ou esposa – que cuida do pai, da mãe e do cônjuge doente.

Essas pessoas costumam abrir mão da parte de sua vida para cuidar de um paciente que só tende a piorar.

Estudos mostram que a maioria delas costuma sofrer da chamada “síndrome do cuidador”. Os sintomas mais comuns são depressão e stress em alto grau. Nos casos mais extremos, a ideia de suicídio se torna uma constante.

Com o aumento da expectativa de vida e a perspectiva distante de cura os casos da doença tendem a proliferar.  Uma pesquisa da Federação Internacional de Alzheimer prevê que dentro de trinta anos cerca de 80 milhões de pessoas no mundo sofrerão desse mal – número três vezes maior do que o registrado hoje.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre os idosos brasileiros que passaram dos 80 anos, cerca de 90 mil mulheres e 184 mil homens são incapazes de andar ou subir poucos degraus de uma escada.

A consequência disso é que cada vez mais famílias terão que assumir seus doentes. E, sobretudo, de escolher que irá fazê-lo. Lidar com ataques de agressividade, mudanças de personalidade e o apagar total da memória é uma situação assustadora sobre a qual se fala muito pouco.

A maioria dos médicos afirma ser comum entre os responsáveis pelos doentes abandonar a própria rotina. O indivíduo passa a viver como enfermeiro, babá, empregado e se esquece das próprias necessidades. Ao mesmo tempo deixam de lado filhos, marido e mulher.

Somam-se a isso o fato de ter de enfrentar críticas dos parentes e o peso de executar sozinhos tarefas complicadas como dar banho, alimentar, vestir e lidar com a incapacidade do outro de controlar até mesmo as necessidades fisiológicas mais básicas. Sem falar na dolorosa experiência de acompanhar de perto a decadência física do ente querido.

Como a maioria das famílias não tem como pagar ajudante ou uma casa de repouso de qualidade – que pode custar até sete mil reais por mês -, quando a situação chega ao limite deve-se repensá-la, organizando as tarefas com os demais parentes ou mesmo se afastando por um período para recuperar as energias.

No Brasil, em 70% dos casos registrados em delegacias e serviços de saúde, a agressão contra o idoso partiu de um familiar. Em geral, um filho homem. É por isso que grupos de ajuda terapêutica são recomendados aos parentes.

Nos últimos anos dezenas desses grupos se espalham pelo país. Em geral, são ligados a hospitais públicos e universidades. A maioria não procura ajuda por medo de parecer fracassado na tarefa de cuidar do doente.

 

Especialistas esclarecem as dúvidas mais comuns de quem vive essa realidade:

 

Deve-se corrigir o doente quando ele fala bobagens ou confunde as pessoas?

No começo, sim. Mas depois não adianta. Lembre-se de que ele não esta mais pensando. Concorde com tudo o que ele disser e faça o que achar certo.

 

É possível o doente fingir só para chamar a atenção da família?

Ele não consegue elaborar raciocínio como esse.

 

Por que ele (ela) esta pior mesmo depois que passei a cuidar dele (dela)?

A doença vai avançar de qualquer maneira. Não se sinta culpado. Lembre-se de que o paciente esta vivendo melhor porque pode contar com sua ajuda.

 

Qual a melhor maneira de interagir com o doente que parece viver no mundo da lua?

O contato físico é de grande ajuda. Massagem, por exemplo, é excelente.

 

É difícil fazer o paciente tomar banho, comer, o que fazer?

Uma característica da demência é dizer não a tudo. Se você não quiser ouvir a negativa não pergunte. Dê comida em vez de perguntar se ele (a) quer comer. Se ele não gosta de banhos diários, basta fazê-los em dias alternados. Não é hora de ser perfeccionista.

 

Fico arrasada com a agressividade de meu marido doente. Como devo lidar com isso?

O demente não fala com você, mas com a pessoa que existe na cabeça dele. Por isso, use sempre um tom de voz tranquilizador. Na fase aguda da doença, não importa o que você fala e sim como fala.

 

Não a situação mais terrível do que minha mãe não me reconhecer.

No fundo, o cuidador se sente inconformado em perder a mãe, em ser “abandonado” como filho. É preciso superar essa sensação.

                                                                              

                                                                               FONTES: Carlos Fratini e Norton Sayeg (Geriatras).

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