29/02: Rússia e China seguem freando esforços em solução à crise síria
Rússia e China seguem freando esforços em solução à crise síria
Genebra, 28 fev (EFE).- Rússia e China continuam freando as tentativas da comunidade internacional de buscar uma solução para a alarmante situação humanitária na Síria ao liderarem no Conselho de Direitos Humanos da ONU o grupo de países que rejeitam 'qualquer ingerência' no país árabe.
Nesta terça-feira, o Conselho de Direitos Humanos fez a primeira parte de um debate especial sobre a situação na Síria no qual deve ser votada uma resolução apresentada pela Turquia e Catar que pede acesso humanitário ao país árabe e condena a feroz repressão do regime de Bashar al Assad.
Rússia, China, Cuba, Venezuela e Equador discursaram no debate para denunciar 'a politização' do organismo da ONU e rejeitar categoricamente qualquer intervenção estrangeira, argumentando que é responsabilidade única dos sírios - tanto do Governo quanto dos grupos da oposição - acabar com o conflito.
'Antes de tudo, devemos respaldar a integridade territorial e a soberania da Síria', afirmou Qi Xiaoxia, segunda chefe da delegação chinesa nesta sessão.
'A politização do debate não vai contribuir para solucionar a crise na Síria', defendeu o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Gennady Gatilov.
Além ainda foram os representantes de Cuba e Venezuela, que acusaram 'as potências imperiais' de estarem por trás da violência na Síria e acusaram essas nações de terem o objetivo de derrubar o líder sírio a qualquer custo, mesmo argumento usado por Damasco para rebaixar a legitimidade da sessão do Conselho.
'O único objetivo deste período de sessões é atiçar as chamas do terrorismo e aumentar a crise em meu país com medidas de apoio aos grupos armados', manifestou o embaixador sírio, Faisal al-Hamwi, que após seu discurso deixou a sala do Conselho.
Hamwi considerou que por trás da pressão da comunidade internacional para que Damasco permita a entrada no país de organizações de assistência humanitária está o desejo de intervir militarmente na Síria e propiciar uma mudança de regime.
Em seu discurso, a representante dos Estados Unidos, a secretária adjunta do Departamento de Estado Esther Brimmer, confirmou a afirmação de Hamwi. Ela declarou que o presidente sírio 'deve sair' para que possa 'ser formado um novo Governo democrático que atenda as aspirações do povo sírio'.
'Tudo o que o embaixador sírio ouviu serve para que ele perceba que seus comentários estão distantes da realidade, e isso é um reflexo do que está ocorrendo com o próprio regime de Bashar al Assad, ao fazer um falso referendo em meio a uma crise humanitária criada por ele mesmo', acrescentou a embaixadora americana diante do Conselho, Eileen Chamberlain Donahoe.
A resolução vai obter 'um forte apoio porque, felizmente, no Conselho (de Direitos Humanos) ninguém tem veto', afirmou a embaixadora em referência ao veto de Pequim e Moscou a resolução de condenação da repressão síria no Conselho de Segurança da ONU.
As demais declarações desta terça-feira fazem prever, precisamente, um apoio bastante unânime à resolução que, por falta de tempo, será votada na próxima quinta-feira.
Os representantes europeus, os países latino-americanos exceto os previamente citados, os africanos, asiáticos e as nações árabes que discursaram no debate mostraram seu horror e repulsa pelas atrocidades cometidas pelo regime, pediram imediato cessar-fogo e solicitaram o acesso humanitário às vítimas, exatamente os três pontos da resolução.
'A violação sistemática dos direitos humanos perpetrada pelo regime não deixa dúvidas sobre a necessidade de que a comunidade internacional proteja o povo sírio', indicou o ministro das Relações Exteriores catariano, Khalid bin Mohammed al-Attiyah.
'A justiça internacional deve parar todos aqueles que cometem atos bárbaros', afirmou o presidente da Comissão de Direitos Humanos saudita, Bandar Alaiban.
Precisamente, ao iniciar a sessão especial, a alta comissária para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, pediu que o Governo sírio seja levado ao Tribunal Penal Internacional pelos crimes contra a humanidade cometidos contra a população civil deste país.
'Agora mais do que nunca, os que cometem crimes na Síria têm de entender que a comunidade internacional não ficará parada assistindo ao massacre e que as decisões e os atos tomados hoje não ficarão impunes', reforçou Pillay.
Fathi Tirbar, ministro de Juventude da Líbia e ex-líder opositor ao regime de Muammar Kadafi, concluiu seu discurso com uma mensagem encorajando os cidadãos sírios.
'O povo líbio sofreu durante 42 anos a violação dos direitos humanos e entendemos perfeitamente o sofrimento da população civil síria. Esperamos que sejam capazes de não perder a esperança, porque um dia alcançarão a vitória', sentenciou.
Fonte: Agencia EFE